domingo, 27 de março de 2011

Adeus Tati


Hoje é um dia muito triste pra mim. A Tati, minha gatinha que estava se recuperando das convulsões e sequelas neurológicas que teve mês passado, morreu hoje pela manhã.
Ela devia ter uns 10 anos e comigo estava há mais de 8. Ela sempre foi a gata mais mansa da casa, se prestava pra qualquer coisa e era extremamente carinhosa com todo mundo.

A história da Tati é uma história terrivel. Há 8 anos mais ou menos uma protetora aqui de Porto Alegre recebeu o telefonema de uma família que queria muito um gato, entretanto várias protetoras da cidade já tinham alertado que não era uma família "normal" e que seria furada dar um gato a eles. Ela então resolveu ir numa pseudo ONG de proteção animal, destas que já sofreu denúncias e investigações por matar os animais que abriga, e retirou a Tati de lá pra levar pra essa família.

Ao chegar no apartamento, ela viu que realmente era uma fria, aparentemente todos eram drogados, não havia mais um móvel na casa, e um jovem se retorcia em um colchão jogado no meio da sala... Ela saiu de lá com o coração na mão por ter deixado a gata com eles e me ligou perguntando o que deveria fazer. Eu disse pra inventar qualquer desculpa e voltar lá pra buscá-la o quanto antes! No dia seguinte ela comprou a gata de volta por 20 reais e a levou pra casa. Só que ela não tinha percebido que a gata tinha head tilt (a cabeça era torta pro lado esquerdo). Desesperada, ela levou a Tati ao veterinário, pois ficou com medo que pudesse ser algo contagioso. Na época o vet que a atendeu disse pra não se preocupar, porque provavelmente era sequela de uma otite não tratada. Ao ver que a gata nunca seria adotada por ter essa sequela e que ela também não ficaria, ela entrou em desespero e quis devolver a gata pra pseudo ONG. Eu surtei com a idéia e disse pra ela trazer a Tati pra cá, até conseguirmos doá-la.

Eu nem me lembro quanto tempo ela ficou aqui, na época eu devia ter uns 10 gatos e a pressão pra não pegar mais nenhum era forte. Acabei me apaixonando por ela, pela docilidade e o jeito fofo de correr com aquela cabecinha torta :-) Até que apareceu uma senhora, que vou ter que me referir neste texto como "velha maldita", infelizmente não tem outra forma... A velha maldita era uma ricaça infeliz, que havia perdido alguns dedos do pé em função de uma diabetes descompensada, e tinha todo um discurso lindo de aceitação dos diferentes, por também ser diferente em função disso. Naquele momento achei que estava fazendo a coisa certa ao entregá-la àquela senhora, que morava numa fazenda na região metropolitana de Porto Alegre.
Marcamos um dia aqui em Porto pra eu entregar a gata a ela. Jamais vou me esquecer deste dia. Eu entreguei a Tati na caixinha de transporte e fiquei olhando ela partir, quando ela virou a esquina, a sensação que tive era que tinham levado um pedaço meu junto. Passei dias mal, até que uma semana depois, quando eu já estava acostumada com a idéia a velha maldita me liga, dizendo que ia ter que devolver a gata porque infelizmente o marido dela não gostava de gatos e ela estava fazendo cocô num tapete persa da casa. Na mesma hora fui tomada por uma fúria e disse pra mulher que era pra ela me entregar a gata imediatamente! Fui até Gravataí, no tal sítio, no mesmo dia buscá-la. Pra minha surpresa, eles haviam confinado a pobre no porão da mansão!!!! Quando a Tati ouviu a minha voz começou a miar desesperada, de um jeito que nunca havia visto. Ela ficou visivelmente feliz em me ver. Antes de irmos embora a velha maldita quis se despedir dela, e acabou levando um tabefe da gata, bem no meio do rosto. Foi a única vez que vi a Tati ser agressiva, em todos os anos que ela morou comigo. Até hoje quase piro quando penso no que aquela mulher deve ter feito pra ela agir assim...

Naquele dia eu decidi que podiam reclamar o que fosse, aquela gatinha, jamais sairia da minha casa. Ela foi uma excelente companheira, sempre com seus problemas de saúde, a secreção nasal horrivel que não melhorava com nada. A Tati foi minha grande companheira em todos os anos de faculdade, como precisava constantemente de novos exames e tratamentos, não raramente ela passava o dia na faculdade comigo, era conhecida por todos no hospital veterinário, onde passou por diversos setores, além de nas horas vagas ter feito até prova prática de anatomia comigo :-D

Neste período eu tentei realmente tudo o que podia, ela tomou homeopatia, fez acupuntura, tomou fitoterápicos chineses, todos os antibióticos existentes praticamente, fez raio X de crânio e até tomografia num "esquema" em uma clínica humana...

De uns tempos pra cá a saúde dela foi piorando drasticamente. Ano passado ela ficou meses sem comer, tendo que ser alimentada com ração forçada, passou um período internada. Depois voltou a ficar bem, até ter as convulsões 1 mês e pouco atrás, quando teve síndrome vestibular. Ela voltou pra casa começando a caminhar, eu estava bem feliz com isso, até que começou a definhar de novo. Uns dias atrás ela parou de ir na caixa de areia, pois não conseguia mais se arrastar até lá. Lavar os panos dela e dar banho nela começou a ser parte da minha rotina, assim como as nebulizações diárias, pra ajudar a desobstruir as narinas dela. Até que anteontem de noite ela começou a respirar com dificuldade e a urrar. Passei uma madrugada dos infernos e ontem pela manhã internei ela novamente na Clínica do Forte, local que eu confio e recomendo. Cheguei com ela cianótica já, com a lingua roxa. Depois de vários procedimentos ela conseguiu respirar melhor e no final da tarde estava mais confortável. Só que hoje pela manhã eu acordei com um telefonema de lá me dizendo que ela havia morrido.

Sinceramente, acho que ainda não caiu a ficha totalmente. Estou limpando meu quarto aos poucos, tirando as coisas dela de lá, mas não está fácil. É muito duro pensar que a gente nunca mais vai ver quem ama. Por mais que eu ainda tenha mais 23 pra cuidar, ela não era mais um número, nenhum dos meus gatos é. Eu poderia ter 100 animais agora, ao meu lado, nada conseguiria tirar esse vazio que ficou de não ter mais a presença dela. A Tati foi uma grande escola. Acho que o exemplo dela serviu pra mostrar pra muita gente que não devemos ter preconceito. Mesmo com todos os problemas de saúde, a presença dela sempre foi extremamente doce e a gratidão dela parecia ser infinita. Espero que ela sirva de inspiração pra todos aqueles que ficam em dúvida sobre a adoção de um animal que possui alguma limitação de saúde. Eu não me arrependo de a ter adotado, faria tudo de novo se pudesse.

Tati querida, vai em paz, esteja onde você estiver, se estiver... Você é a criatura de quatro patas mais doce que já passou pela minha vida, fico feliz que você não esteja mais sofrendo e profundamente infeliz com o vazio que você deixou.

10 comentários:

  1. Descansa em paz Tati.... A tua expressão meiga e doce está marcada na minha memória...

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  2. Emocionei-me com a história da Tati... ela é agora mais uma estrelinha que brilha no céu.

    Beijocas***

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  3. Dê,
    Sempre amei a Tati, e sempre vou amar jamais vou me esquecer dela com o famoso olhar 45. Descanse em paz doce Tati.

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  4. Cá estou eu, pela primeira vez em seu blog e me deparo com a triste partida da sua Tati.

    Lagrimas caindo... triste pelos infelizes que cruzaram o caminho dela e muito feliz por ela ter se tornado parte de sua vida e com isso recebido amor, amor e amor.

    Tenho certeza de que ela foi muito feliz, graças a você.

    Bjinhos

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  5. Denise querida! Já tinhas me contado a história da Tati por cima, mas já to eu aqui chorando por ela depois de ter lido o post. Tu és um amor e a melhor tutora que um gato pode ter. Todos são únicos e o vazio é imenso. Força aí amiga! Beijão

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  6. E era pretinha... que nem a minha Lua (RIP).

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  7. Oi Denise, que triste. Tenho 6 gatos e semana passada perdi meu Brigadeiro de pêlos brilhante, brincalhão e feliz, sei a dor que estás sentindo, mas sinta-se em paz pelo amor e carinhos com que a tratavas. Adorei teu blog e já favoritei para sempre pegar tuas dicas.

    Ahhh e a Tati está no plano espiritual, junto de alguém que está cuidando dela como tu cuidavas, um dia vcs irão se encontrar.
    Bjos

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  8. Oi Denise, primeira vez que entro aqui. Hoje tenho 07 gatos, 6 que moram comigo no apt e um que mora com meu pai, pois não se adaptou a conviver com os meus e faz cia a meu pai.Todos adotados e um passado de abandodo. Li sobre tua perda, e sei exatamente o que vc sente, pois também perdi meu gato Panda em Abril de 2011, tinha sido adotado em outubro de 2009. Era velhinho quando adotei deveria ter uns 13 ou 14 anos. Proporcionei a ele tudo o que pude para dar uma vida feliz enquanto estivesse conosco.
    De todos, ele era o meu maior companheiro, sempre me seguindo onde eu fosse, e o que mais exigia cuidados e atenção, ...lágrimas quando penso nele e na saudade...
    Ele era senhor de si, muito na dele, e se tornou naturalemtne o guia dos demais.
    Quando ele partiu, percebi que os outros ficaram meio perdidos, sem rumo, pois todos seguiam ele.
    Hoje estão mais adaptados e se reorientando ainda.....como sinto a perda, nossa...
    Fiz um blog também em homenagem aos meus peludos, se quiser dar uma olhada.
    Qualquer hora dessas vou dar uma pssadinha na Gatolândia e conhecer vcs...bjsssss
    Meu blog http://meusgatosecaes.blogspot.com/p/meus-gatos.html
    No Facebook sou Márcia Portela

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  9. Menina! Tô lavada de chorar com a história dessa gatinha!
    Uma das minhas gatas morreu em janeiro praticamente no meu colo, e até agora ainda sinto a ausência dela todos dias... Sei exatamente como dói! Não são mesmo um número, cada um nos cativa com suas personalidades únicas... Parabéns pelo blog, pelo site, estou loooouca pra ir conhecer sua loja! Sou de Caxias do Sul, em breve vou ir á PoA pra umas comprinhas pros meus bichanos!

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  10. Oi Denise, cheguei aqui pelo blog da Vera Falcão.Ter que se despedir de uma amigo de 4 patas é muito doído! E não tem como não se emocionar. Hoje tenho 11 gatos e mesmo tendo sofridos perdas dos que já se foram...fico esquecendo que um dia esse novos um dia se irão também...E como vc disse,cada um é cada um, não são números!!!
    Um beijo no seu coração, de uma mãe de gatos que te entende.

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