domingo, 16 de maio de 2010

Alimentando a Manada



Alimentar gatos não é uma tarefa tão banal quanto servir um pratinho de ração, como parece. Os gatos são animais carnívoros e por isto têm uma demanda proteica superior à dos cães. É por este motivo também que a ração de gatos é bemmm mais cara do que a dos caninos. Na natureza o gato se alimenta basicamente de pequenas aves e pequenos roedores, tendo uma alimentação rica em proteínas e mais pobre em carboidratos.

A ração peletizada, ou seja, a ração seca é constituida de uma boa parte de carboidratos, presentes nos grãos utilizados no processo de fabricação, enquanto as proteínas utilizadas são basicamente de origem animal. Infelizmente, a legislação não exige que os fabricantes de ração discriminem na embalagem qual a quantidade de proteína digestível, exigindo apenas a apresentação da quantidade de proteína bruta presente no produto. E essa informação faz a total diferença! Para exemplificar, vc pode ter uma ração que tem 32% de proteína bruta, porém apenas 20 e poucos por cento disso ser de fato digerido pelo animal, enquanto outra ração pode ter 31% de proteína bruta e ter quase 30 % de digestibilidade. Qual ração é a melhor? Certamente a segunda opção porque na primeira existe uma grande quantidade de nutrientes que não conseguem ser absorvidos, e literalmente só "passam" pelo animal. Isso acontece porque a grosso modo o que mais importa é a qualidade e não a quantidade de proteína presente na ração, dado que serve como alerta na hora de escolher uma boa ração para os nossos gatos.

Existem 3 modalidade de ração no mercado:
- Rações de Combate
- Rações Premium
- Rações Super Premium

As rações de combate são as clássicas rações de agropecuária e que muitas vezes são vendidas à granel. Não se assuste se um dia, por curiosidade, vc resolver abrir um pellet deste tipo de ração e acabar encontrando uma bela pena de galinha. Sim, isso já me aconteceu! No caso a pena de galinha é uma parte da proteína bruta descrita na embalagem, mas que infelimente não será digerida, não sendo portanto uma proteína "útil" ou digestível para o gato.

As rações premium são as rações comerciais mais comuns, que podem ser encontradas em supermercado, seu padrão é algo intermediário entre as de combate e as super premiuns. E é importante salientar que, as condições econômicas permitirem, este deve ser sempre o limite inferior de ração que o seu gato merece comer.

As rações super premium não são vendidas em supermercados, sua venda fica restrita apenas à pet shops e a diferença de preço entre a linha premium é algumas vezes bastante grande. Essas rações se caracterizam pela qualidade de seus ingredientes e pela grande quantidade de proteína digestível presente na proteína bruta descrita na embalagem.

Por um longo período eu relutei em dar ração super premium para os meus gatos, justamente pela diferença de preço existente com relação às rações premium. Já faz alguns anos que só dou super premium para a minha manada. O que notei na prática é que apesar de aumentar meus custos com alimentação reduzi drasticamente meus custos com atendimento veterinário. Também pude observar que o pêlo dos meus gatos ficou incrivelmente macio como nunca antes, e o odor e a consistência das fezes são quase sempre impecáveis.

Outra coisa importante é que as rações mais baratas, entre outros fatores, podem propiciar a formação de cálculos, especialmente os de estruvita, que são formados pelo aumento do pH urinário, que se torna mais alcalino na presença de carboidratos e na falta de proteínas de qualidade. Alguns gatos, não conseguem se alimentar de rações inferiores às super premiuns, pois acabam formando cálculos de modo recorrente. Apesar de alguns não se adaptarem nem mesmo com este tipo de ração... Para gatos com este tipo de problema e para outros tantos, foi desenvolvida a linha de rações medicamentosas, que abrangem de problemas relacionados ao trato urinário inferior até a hipersensibilidade alimentar, e como o nome mesmo já diz, devem ser prescritas por veterinários e exclusivamente para animais que sofrem de patologias específicas. Entretanto vale o alerta, às vezes a gente opta por economizar comprando uma ração com menos qualidade e uns tempos depois acaba sendo obrigado a investir em uma ração medicamentosa, que supera o preço das pertencentes à linha super premium...

Além de todo esse equilíbrio entre nutrientes, alguns detalhes básicos às vezes passam batido na hora de alimentarmos a manada. Um deles é a quantidade e o outro a frequência das refeições.

A quantidade é um problema simples de resolver. Cada fabricante indica na embalagem qual a quantidade necessária do seu produto será suficiente para alimentar adequadamente um gato, de acordo com sua idade e peso. A minha sugestão para quem tem muitos gatos é estimar um valor médio de peso da população da casa e multiplicar a quantidade em gramas indicadas no pacote pelo número de habitantes. Depois deste passo, vale pesar esta quantidade em uma balancinha de cozinha e achar um pote compatível com o volume da ração total que deve ser consumida na casa todos os dias. A foto que coloquei hoje mostra bem isso. Cada pote destes é a quantia de um dia de ração que meus gatos devem comer. Parece pouco, porém as rações super premium geralmente são mais calóricas e é preciso uma quantia menor de ração para manter um gato, do que quando se utiliza uma outra premium ou de combate.

A frequência na alimentação dos gatos deve ser a máxima possível. Devido ao seu metabolismo, deve-se evitar períodos prolongados de jejum. Eu francamente, não conto quantas vezes alimento meus gatos por dia, provavelmente umas 4 vezes, o que considero uma frequência excelente. Só vale lembrar que aumentar a frequência não é o mesmo que aumentar a quantidade. É por este exato motivo que eu recomendo a técnica do pote com a quantia diária de ração. Deste modo vc vai esvaziando o pote ao longo do dia e independentemente de quantas vezes vc conseguiu dar, vc tem a certeza de que pelo menos cumpriu as necessidades calóricas do povo.

Pra mim, o maior desafio é o fato de existirem gatos gulosos. Tenho duas obesas que já estão quase rolando pela casa, e um gato bastante magro. É certo que as gorduchas comem pelos mais magros... Considerando que todos estão saudáveis e que não têm nenhuma desvantagem competitiva pra comer, como doenças na cavidade oral, eu acabo deixando com que eles se resolvam, pois fica impossível separar fulano de beltrano toda a vida durante as refeições. Gostaria de encontrar alguma solução prática para este dilema, mas até agora não consegui :-(

5 comentários:

  1. ótimo texto... aprendi muito aqui!!!
    abraços!!!
    A Royal Canin é cara, mas até o cheiro dela é agradável...

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  2. Concordo com Vida. a royal Canin é a melhor.
    è mais cara, mais você gasta menos em remedios e veterinarios.
    Honhons

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  3. Denise, tb tenho esse problema de gatos com pesos diferentes. Minha gata pesa 6,3kg e meu gato 4,1kg, sendo ele 6 meses mais velho!
    Obvio que parte disso é a natureza deles. Eu tb sou mais gordo que minha esposa. Cada um com seu cada um. Mas na questão de divisão de comida, adotei a seguinte estratégia:
    Coloco um prato de ração no chão e outro em cima de um móvel.
    A gata gulosa, como está gorda, come só do chão. O gato esbelto come de onde ele quiser. Como ele não é guloso, não prejudica a ela e - como tem o prato dele "separado", ela não prejdica a ele!
    Parabens pelo site e grande abraço!

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  4. Aqui em casa não tem co o separar mesmo.a gatinha gorda e gulosa vsi até o teto se for preciso.
    Kkkk

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